Ao seu redor, as pessoas diziam quem ela era. Acreditava. Vestia-se de modo estranho, fora do que julgam estar na moda. Andava desajeitada sob o tênis velho que costumava usar desde muito tempo. Em casa, ajudava a mãe desempregada com um trabalho que conseguira em uma loja perto da escola.
Tentava ser a melhor pessoa do mundo, mas sentia-se a pior.
Aquelas piadinhas e apelidos haviam formado um exército. Muitos disseram-na que eram apenas brincadeiras de crianças. Mas todo dia tinha de passar sobre essas “brincadeiras”. Não queria lutar mais, quanto mais resistia, aumentava-se o exército.
É cruel viver quando não se tem uma razão para existir.
As palavras nem sempre eram as melhores soluções, ela nunca conseguiu seguí-las corretamente. É difícil não ligar e deixar para lá quando há um mundo a sua volta lembrando-lhe a todo estante que você tem milhões de defeitos.
As pessoas em sua volta pareciam acreditar que ela não tinha coração, que era vazia por dentro. E ela sofria, em silêncio, para não magoar a mãe, e, para convencer a sí mesma de que estava tudo bem.
Essa garota por muito tempo pensou ser feia. Tudo mudou. Quem dera ela tivesse uma única célula que não fora bonita. Isso porque, algumas pessoas são lindas. Não pela aparência, nem pela forma de falar. Simplesmente pelo que são.
(Camila Cabral)
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